terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Curativos

Ela estava lá e ele também, e assim que seus olhos se encontraram ela não teve tempo pra corresponder o sorriso, teve que sair correndo pra conter o sangramento, foi  para um canto isolado e lá, com as mãos limpas começou a tratá-lo, em algumas partes o sangue escorria sem parar, em outras a pele estava fininha, porque ela havia arrancado a casquinha do machucado, e em outras havia a marca do que já havia passado...as cicatrizes.

Ela passou mertiolate e assoprou depois que a pele ardeu, cobriu os machucados com ataduras, embora sentisse vontade de engessar para que ficasse mais seguro, e mesmo sem a segurança que desejava, voltou com o coração nas mãos, com o mertiolate escorrendo e  os esparadrapos envoltos nas gases.

Ele a olhou novamente e a chamou pra dançar, ela pensou no coração que estava aos pedaços e logo encontrou algo que a encorajou, olhou na parede do bar a imagem dos pés de uma bailarina, pensou em como as sapatilhas machucavam e deixava calos, mas ao mesmo tempo uma bailarina não é uma bailarina sem sapatilhas e consequentemente, também não é uma bailarina sem a dor, talvez também fosse assim como o amor. 

Nenhum comentário:

Postar um comentário