Menina...

Ela entrou no ônibus e sentou-se ao lado de uma menina, depois de uma parte do percurso a menina se virou e perguntou:
- Moça, esse ônibus passa no Rudge Ramos?
- Passa sim...
À partir daquele momento a mulher começou a reparar a menina que estava ao seu lado, os pés estavam sujos de lama e ela logo deduziu que a menina deveria ter andado muito.
Ela olhou para o seu corpo e viu que ela era magra demais para sua idade, deduziu que ela não deveria estar se alimentando bem.
Ela olhou para os seu rosto e viu uma cicatriz...
A menina olhou a mulher nos olhos e disse:
-Posso te pedir um favor?
A mulher balançou a cabeça e fez que sim, então a menina continuou a dizer... -Sabe moça, é que eu passei uns dias morando na rua, e agora eu quero voltar para o abrigo mas eu só posso entrar até as 17 horas, será que você pode me emprestar o seu celular para eu avisar a responsável?
A mulher entregou o celular e sorriu quando viu a felicidade nos olhos da menina ao dizer que iria conseguir dormir no abrigo.
A menina olhou para ela e disse: - Sabe... a minha mãe e o meu pai morreram e eu sempre fui criada no abrigo, as vezes eu nem tenho mais vontade de viver... assim sem mãe nem pai.
A mulher olhou e disse algumas palavras para consolar a menina e mostrar que sempre vale a pena viver, a verdade é que ela queria entregar muito mais do que as palavras, mas por hora, era o que ela conseguia fazer, ao mesmo tempo em que ela se controlava para segurar suas lágrimas.
A menina agradeceu por tudo e disse que assim que ela chegasse no abrigo iria pegar seu diário e escrever, ela tinha muito para contar... E a verdade é que embora o coração da mulher estivesse partido por ver aquela triste realidade, ela percebeu que o amor por escrever não tem classe social.

Imagem: www.salvemascriancas.org