segunda-feira, 26 de setembro de 2011

Olhos de promessas

Era Sexta a noite e o telefone tocou, no meio de todo aquele alvoroço e euforia, eu tentei achar motivos pra ficar feliz em te ver, mas eu sabia o verdadeiro motivo daquela visita, “Talvez quando agente se olhar tudo volte a ser como no primeiro dia” pensei, mas logo descartei a possibilidade e rapidamente voltei ao meu pessimismo.

Eu já sabia que era o fim... meus olhos não brilhavam mais, o frio da barriga desapareceu e agora as coisas pareciam acontecer simplesmente por obrigação, eu disse por e-mail e você negou, eu disse por telefone e você ignorou, e agora eu estava a alguns segundos de te encontrar, eu desci a rampa e você estava lá, eu sorri e você devolveu a gentileza, eu te abracei e você se deixou ser abraçado e nada mais.

Os minutos foram passando e a parte esperada não chegava, caminhamos para o ponto de ônibus e eu simplesmente já não sabia o que pensar.

-Olha pra mim, pedi, esperando que o pedido fosse suficiente pra que ele enxergasse a angustia nos meus olhos e dissesse o que fora pra dizer.

-Estou olhando... é que eu estou chato hoje, eu sou chato, se você achava que eu era um príncipe você estava enganada.

-Eu sabia que não era um príncipe,tentei explicar, mas economizei as palavras, pois no meio do raciocínio percebi que já não importava.

-Eu vim aqui pra esclarecer as coisas, é que eu não quero nada sério, eu me prendi por muito tempo na minha vida, eu não preciso de ninguém, sempre me virei sozinho, afinal sou filho único, eu não vou sentir falta nenhuma de namorada, não preciso de namorada.

-Você não sente falta agora, mas um dia vai sentir, tentei explicar, não que eu quisesse que ele mudasse de opinião por mim, mas sim pelo simples fato de abominar pessoas individualistas e soberbas.

Ele chegou na parte que eu esperara pra ouvir durante toda a noite -Quero ser apenas seu amigo.

-Eu sei, percebi isso durante a semana, eu te disse isso, mas você ignorou.

-Não ignorei, eu não ia falar isso por e-mail ou telefone, eu sou um homem e não um moleque.

-Não foi você quem falou, fui eu, você apenas tinha que concordar. Fiquei parada por algum tempo e tentei descobrir se o fato de falar pessoalmente o tornara mais digno e pra mim não fez diferença.
Tudo o que você disse deste momento pra frente, eu não escutei, toda aquela conversa sobre sermos amigos, sobre o meu comportamento, enfim, não escutei. Nesse momento eu estava pensando o que havia de errado, não fui eu que demonstrei que gostava de você, foi você quem fez, eu apenas entrei no seu jogo, minhas ações foram apenas a reação das que você executou.

“Mas tenho medo do que é novo e tenho medo de viver o que não entendo - quero sempre ter a garantia de pelo menos estar pensando que entendo, não sei me entregar à desorientação.” A filosofia de Clarice Lispector não fez sentido, afinal eu achei que sabia onde estava mas a desorientação tomou conta de mim.

“É bem melhor você parar com essas coisas
De olhar pra mim com olhos de promessas
Depois sorrir como quem nada quer
Você não sabe
Mas é que eu tenho cicatrizes que a vida fez
E tenho medo de fazer planos
De tentar e sofrer outra vez” Carlos Colla e Maurício Duboc

 
Status: Coração fechado pra balanço.

Imagem:weheartit

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